WROCLAW, UMA SEMANA DEPOIS...

Terminou o 7.º Campeonato Europeu Universitário de Futebol, que reuniu, de 20 a 26 de Julho, as 14 melhores equipas do velho continente. Entre elas, o IPLeiria, cuja preparação e participação foram aqui noticiadas e igualmente divulgadas pela comunicação social portuguesa. O papel do jornalista foi, e é, relatar os factos tal como são, sem emitir a sua opinião pessoal. Foi assim até ao momento. Estas linhas são opinião, em jeito de crónica, do que foram estes dias em Wroclaw, Polónia.


A ambição do IPLeiria para este europeu era elevada. Ok que melhorar o 8.º lugar parecia um objectivo pouco elevado, porém, sabia-se que os olhos estavam colocados nos primeiros lugares. A equipa teria, portanto, que ser superior aos restantes. Porém, o primeiro sinal de que a tarefa não iria ser fácil, foi o sorteio: um grupo de quatro equipas e logo o mais difícil, com turcos (uma candidata à final, que ficou pelo caminho), azires (uma surpresa) e espanhóis (defensivamente eficazes e muito consistentes).

O primeiro minuto em campo auspiciava um futuro sorridente. De repente, tudo mudou. O jogo com a equipa do Azerbeijão acabaria por influenciar psicologicamente a equipa, que melhorou contra os espanhóis, porém, acabaria por averbar nova derrota. No último, quando já tudo estava decidido, portugueses e turcos jogaram descontraídos, com intensidade, mas o resultado acabaria por ser igual aos anteriores. Ficava pelo caminho a hipótese de ocupar a primeira metade de classificação.

Da análise aos três jogos, destaque para o profissionalismo dos turcos, com nove atletas que actuam na 1ª divisão do seu país. Fora de campo, raramente eram vistos. Cedo se percebeu que estavam em Wroclaw para ganhar o europeu. Semelhante postura teve a equipa que viajou do Azerbeijão, porém, não de uma forma tão rígida. Sérios, de rosto fechado e fisicamente possantes, foram a surpresa do grupo. Primeiros lugares ocupados, coube a “fava” a portugueses e espanhóis, estes últimos que valeram pelo colectivo. Outra equipa que merecia mais.

Também a arbitragem foi para esquecer, sobretudo na fase de grupos. Demasiado mau para ser verdade, ainda mais numa competição cuja qualidade futebolística se revelou bastante elevada. Definitivamente este europeu teve um desnível muito grande relativamente à qualidade dos árbitros.

Se dentro de campo o IPLeiria não conseguiu resultados, já fora dele, foi a equipa que mais interagiu com as restantes, sempre dentro de um espírito de amizade e desportivismo, como, aliás, foi defendido na cerimónia de abertura.


Quem também se associou a esta forma de estar foi o árbitro da Associação de Futebol de Leiria, Jorge Faustino, que desde o primeiro dia começou a espalhar simpatia, entre colegas do apito, staff e equipas. Talvez por isso não fosse de estranhar que tivesse sido nomeado para dirigir o encontro inaugural.

Para além do referido jogo, foi ainda possível observar um segundo, entre alemães e ucranianos, bem como a final, em que foi quarto árbitro. Com uma postura séria e correcta com as equipas, raramente teve uma decisão contestada. Mesmo quando teve que assinalar uma grande penalidade, que acabaria por decidir um jogo.


Boa disposição foi igualmente a imagem de marca do enfermeiro Carlos Iglesias, que viajou com o IPLeiria. Para além de ter a responsabilidade de tentar debelar pequenas mazelas dos portugueses, que iam surgindo com o avançar da competição, também foi requisitado por cipriotas, espanhóis e franceses. Uma prova de desportivismo, também na área da saúde.

Para finalizar, alguns reparos. Em primeiro lugar à organização, que deveria ter mantido um acompanhamento permanente às equipas, como aqui já foi referido. Atendendo que todas as comitivas ficaram no mesmo espaço (residencial de estudantes), exigia-se uma presença 24 horas por dia. Outra questão: a alimentação. Esta é uma situação a rever seriamente na próxima edição, que será novamente na Polónia. Não se admite que numa prova desportiva, que requer esforço físico, se sirva pouca comida e excessivamente condimentada. Já para não falar dos frequentes jantares de pão com queijo, fiambre ou manteiga!

Por fim, aconselhar-se-ia a EUSA a rever o formato e acesso à competição. À semelhança do que criticou, e bem, Dinos Pavlos, no encerramento do europeu, “equipas que vêm apenas com a intenção de vencer, ignorando valores como o desportivismo e companheirismo, não voltarão a ter lugar aqui [europeu universitário].” É certo que não enumerou equipas, mas o “barrete” servirá à turca, excessivamente profissional para uma prova deste tipo, à espanhola e à azir, que se envolveram em cenas menos dignas para o desporto, no último jogo da fase de grupos, aquele que teve mais cartões (nove amarelos e dois vermelhos).

O Prémio Fair-Play é outra questão, cuja atribuição deveria ser revista. Atendendo ao que enunciou Dinos Pavlos, o mais sensato seria as próprias comitivas entrarem também elas no processo. Ainda assim, percebe-se, no imediato, que apenas um cartão amarelo na competição, é motivo para distinguir a equipa finlandesa. Porém, parece que foram esquecidos os restantes parâmetros, constantes na avaliação, como o jogo positivo (finlandeses foram pouco atacantes) e postura com o árbitro e adversários (os leirienses neste aspecto foram exemplares). Já para não falar no tal espírito de camaradagem, tão valorizado nos europeus universitários. Segundo foi possível apurar, o IPLeiria ficou em segundo, com cartões amarelos, porém, foi certamente a equipa que mais se enquadrou nos valores defendidos pela EUSA. E isso aplica-se a todos os portugueses presentes. Não só os enumerados anteriormente, bem como ao Paulo Pereira, voluntário português presente no europeu.

Não é que um troféu fosse fazer a diferença, porém, poder-se-ia mostrar mais seriedade e respeito por aqueles que tiveram que viajar milhares de quilómetros e despender de valores que foram uma exorbitância para o serviço prestado. Claramente um europeu para reflectir, pelas entidades competentes, e, quem sabe, esperar que alguém prove que pode fazer melhor.

AND THE WINNER IS…


Depois da Universidade de Kiev ter sido finalista vencida na última edição do europeu universitário, nesta, as finalistas foram as duas participantes ucranianas: a Ternopil Pedagogical University e a Ivano–Frankovsk National University of Oil and Gas.

Foram noventa minutos jogados a um ritmo elevado e só num lance de bola parada se decidiu o encontro (1-0). No final, a festa foi da Ternopil Pedagogical University.

Com um arbitragem sem mácula, destaque para a presença de Jorge Faustino, nomeado quarto árbitro para esta final, depois de ter apitado alguns jogos neste europeu, entre os quais o de abertura e uma das ½ finais.



Classificação final
1.º Ternopil Pedagogical University (UKR)
2.º Ivano–Frankovsk National University of Oil and Gas (UKR)
3.º Karlsruhe University (GER)
4.º University Paris 12 Val de Marne (FRA)
5.º Halic University (TUR)
6.º UFR Staps Caen (FRA)
7.º Azerbaijan State Physical Culture and Sport Academy (AZR)
8.º Wroclaw University of Environmental and Life Sciences (POL)
9.º University Jaume I de Castellon (ESP)
10.º University of Jyvaskyla (FIN) – Prémio Fair-Play
11.º Aristotle University of Thessaloniki (GRE)
12.º Opole University of Technology (POL)
13.º IPLEIRIA (POR)
14.º University of Cyprus (CYP)

Resultados do europeu.

MADRILENAS SÃO TRICAMPEÃS

A vitória da Autónoma de Madrid (ESP) ante a Universidade de Montpellier (FRA), por 4-3, na final do torneio feminino, marcou este penúltimo dia de europeu. No sector masculino, e depois da vitória do IPLeiria, realizaram-se mais dois jogos, que definiram mais quatro posições. A Aristotle University of Thessaloniki (GRE) venceu a Opole University of Technology (POL) por 3-1, enquanto que a University Jaume I de Castellon (ESP), que foi do grupo da equipa portuguesa, goleou a University of Jyvaskyla (FIN) por 5-0.


Masculinos
... (Posições decidem-se com os jogos de amanhã)
9.º University Jaume I de Castellon (ESP)
10.º University of Jyvaskyla (FIN)
11.º Aristotle University of Thessaloniki (GRE)
12.º Opole University of Technology (POL)
13.º IPLEIRIA (POR)
14.º University of Cyprus (CYP)

Femininos
1.º Autónoma de Madrid (ESP)
2.º University of Montpellier (FRA)
3.º University School of Physical Education in Wroclaw (POL)
4.º Siberian Federal University (RUS)
5.º Valencia University (ESP)
6.º ETH Zurich (SUI)
7.º University of Cyprus (CYP)

FUTURO EUROPEU PODERÁ PASSAR POR LEIRIA


A instituição leiriense “não só teria capacidade de organizar, como com certeza faria muito melhor.” As palavras são do administrador dos Serviços de Acção Social (SAS) do IPLeiria, Miguel Jerónimo, que não só fez um balanço positivo da campanha, como deixou no ar a possibilidade da instituição organizar uma futura edição, nomeadamente, candidatando-se à de 2012.

A breve conversa, no final do último jogo do IPLeiria, e após uma semana com a comitiva, em Wroclaw, serviu ainda para dar algumas notícias em primeira-mão. Entre elas, o arranque, já em 2009/10, da modalidade de hóquei em partins, bem como o retomar daquelas que foram suspensas no último ano lectivo.

GOLOS, EMOÇÃO E FUGA AO ÚLTIMO LUGAR


Terminou a participação do IPLeiria neste 7.º Campeonato Europeu Universitário de Futebol. No jogo de despedida, de atribuição dos 13.º e 14.º lugares, houve golos e muita luta. Afinal, ninguém queria fica em último. Apito final e vitória do IPLeiria, ante a Universidade do Chipre, por 4-3.

Os leirienses entraram em jogo com vontade de apagar a má imagem, ao nível de resultados, deixada na fase de grupos. Partiram para cima do adversário, porém, seriam os cipriotas os primeiros a marcar, por Marios Omirou (8´). O IPLeiria não poderia ter respondido da melhor forma, com Joel Domingues (9´) e Ruben Sousa (10´) a virarem o resultado. A primeira parte corria bem à equipa de João Moreira, que acabaria por dilatar a vantagem, por intermédio de Ricardo Rodrigues (26´) e Ruben Sousa (28´). Até final dos primeiros 35 minutos, os cipriotas ainda reduziram, por Marios Kalozois (32´).

No segundo tempo, os leirienses estiverem irreconhecíveis. Os cipriotas entraram melhor, jogando no meio campo adversário e próximos da área. A pressão acabaria por surtir efeito, já que os cipriotas reduziram por Feidias Nikolaou (46´). Até final foi o sufoco, com os comandados por Andreas Kallinikou a pressionarem o IPLeiria, que não mais conseguiu criar perigo.

Ficha de jogo.

Declarações do técnico João Moreira (IPLeiria) sobre o jogo e balanço da competição.

EUROPEU ESTÁ DE VOLTA


Enquanto uns – IPLeiria e Universidade de Chipre – continuam de folga, outros iniciam, esta tarde, a segunda fase deste europeu, tanto no sector masculino como no feminino. Os principais jogos do dia são os dos ¼ final, em masculinos, de onde se destacam aqueles que envolvem as equipas que se qualificaram do Grupo B, onde estava o IPLeiria: os turcos de Halic, que defrontam os ucranianos da Ivano–Frankovsk, e os azires de Baku, que jogam com os alemães de Karlsruhe. Nesta fase não há favoritos, contudo, e como já foi referido, a equipa turca é uma das sérias candidatas ao título europeu.

Quanto à equipa leiriense, que amanhã, 10h00, joga com os cipriotas, aproveitou a manhã para realizar um treino, nos mesmos local (Sztabowa) e hora do encontro que definirá os 13.º e 14.º classificados.

É ESTE O ESPÍRITO DO EUROPEU UNIVERSITÁRIO

A equipa do IPLeiria voltou ontem a dar mais uma prova de desportivismo, a que se associou a Universidade de Halic, na viagem de regresso a Wroclaw, após o jogo de encerramento do Grupo B, em que os turcos venceram (2-0).